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Filmes à margem, 9: Coração indômito / A raposa / Gone to Earth

Jennifer Jones

Copio a ficha técnica de uma página de internet chamada magiadoreal: Coração Indômito (Gone to Earth, 1950, Reino Unido). Direção: Michael Powell & Emeric Pressburger. Rot. Adaptado: Michael Powell & Emeric Pressburger, a partir do romance de Mary Webb. Fotografia: Christopher Challis. Música: Brian Easdale. Montagem: Reginald Mills. Dir. de arte: Hein Heckroth & Arthur Lawson. Figurinos: Ivy Baker & Julia Squire. Com: Jennifer Jones, David Farrar, Cyril Cusack, Sybil Thorndike, Edward Chapman, Esmond Knight, Hugh Griffith, Sybil Thorndike, George Cole.

Satirizar o costume da aristocracia britânica de sair cavalgando para caçar uma pobre raposa, soltando atrás dela uma matilha de cães, tornou-se comum. Mas este filme é pioneiro. Foi desfigurado pelo produtor David O. Selznik, e só recentemente restaurado (no Youtube, a cópia restaurada). É deslumbrante, de encher os olhos. Jennifer Jones talvez em seu grande momento – ou não, estaria ainda melhor no sanguinolento western Duelo ao Sol?

Gone to Earth tem de tudo: além da raposa adotada pela telúrica protagonista, a tensão entre o aristocrata arrogante que a deseja e o sacerdote anglicano com quem havia casado, mais o confronto do casal com o provincianismo local, e simbologia, algum mistério, um buraco assombrado no campo, tragédia. Principalmente a qualidade da dupla Powell e Pressburger, seu domínio do ritmo, da arte de narrar. Foram realizadores notáveis, capítulo da história do cinema, pioneiros da produção independente dos grandes estúdios, com sucessos como Sapatinhos Vermelhos (a história da dançarina de balé levada à morte por seus próprios sapatos) e Narciso Negro.

O filme tem uma história paralela, que me fez inclui-lo em palestras sobre surrealismo e cinema. O romance original de Mary Webb, The Fox, está em O amor louco de André Breton, livro no qual mais fala do acaso objetivo, projeção do desejo na realidade. No final, como leitura de sua companheira Jacqueline Lamba, precedendo o sinistro episódio da “casa das raposas”, lugar de um homicídio sanguinolento.  Powell e Pressburguer sabiam disso? Ou foi mais um acaso objetivo?