UMA NOVA OFICINA LITERÁRIA

certificado Rimbaud 1

(ilustração é do ano passado: distribuindo certificados de um curso sobre Rimbaud, organizado por Matheus Chiaratti / Arte/Passagem)

AGORA, NO MEIO DIGITAL. A seguir, depoimento sobre oficinas, programa da próxima, instruções de como inscrever-se, depoimentos de quem participou de oficinas anteriores:

SOBRE OFICINAS LITERÁRIAS

Minha primeira participação em uma oficina de criação literária foi em 1987, na Biblioteca Mário de Andrade, convidado pela poeta Eunice Arruda. Meu tema: surrealismo e imagens poéticas. Passei a coordenar oficinas regularmente a partir de 2002. Inicialmente, na Casa da Palavra, em Santo André. Foram quatro anos consecutivos; isso, a pedido de participantes. Poetas e prosadores foram estimulados a escrever mais e a publicar: José Geraldo Neres, Edson Bueno de Camargo, Vanessa Molnar, entre outros.

Naquelas oficinas e nas que coordenei subsequentemente – em unidades do SESC, na USP, UFSCar, mais recentemente no Ed.Lab – constatei o quanto a criação se confunde com a leitura; a ligação entre escrever algo original e enxergar mais em um texto, captar mais sentidos em obras literárias. A oficina de criação e a roda de leitura, desenvolvimento da criatividade e da sensibilidade, se confundem. Leituras se harmonizam com o exame do que é trazido pelos participantes. E o autor / participante pode atuar como leitor crítico, com um duplo benefício: para sua escrita, e para aquela de quem foi lido e comentado.

De tudo isso resultou, em várias ocasiões, o que chamo de “efeito oficina”. É quando a criação de um participante dá um salto; adquire, digamos assim,  fisionomia própria; constitui-se uma identidade literária. Vários dos meus “oficineiros”, como os denomino, poderão atestar. E, principalmente, mostrar as publicações nas quais estão presentes rastros dessa experiência. Outra consequência importante foi romper bloqueios: participantes que não estavam mais escrevendo poesia retomaram essa modalidade de criação.

O trabalho presencial tem atrativos; o contato pessoal pode ser enriquecedor. Mas, nesta próxima oficina, nos beneficiaremos com o trabalho no meio digital, pelo modo remoto. Pode ser mais confortável; abre oficinas para quem teria dificuldades para comparecer pessoalmente. Dará condições para intercâmbio, troca de textos e informações.

Na última oficina, partindo de meu tema mais forte, as imagens poéticas, cheguei até os haicais e seu precursor, a poesia chinesa da dinastia T’ang, um milênio antes. Poetas da natureza. Pretendia, se houvesse continuidade, focalizar o Brasil como tema ou substância de poemas. Examinar Poemas negros de Jorge de Lima, por exemplo? Talvez. São possibilidades. Há outras. Chegar à poesia puramente sonora, feita de glossolalias? Confrontar cantos arcaicos / xamanismo e poesia contemporânea, como o faz Herberto Helder em Magias? O grupo, o conjunto de “oficineiros”, dirá. Mostrarão o caminho a seguir”.

A PROGRAMAÇÃO: CRIAÇÃO, LEITURA E OFICINAS LITERÁRIAS

A finalidade da oficina será estimular a criação literária, examinar sua relação com a leitura e expor metodologias e procedimentos. Interessará a poetas, e também a prosadores; a estudantes de Letras e áreas afins; a leitores em geral. Será obtido um melhor relacionamento com o texto literário e com a própria linguagem. Combinará procedimentos de duas modalidades de oficina: aquelas voltadas especificamente para a criação, e outras focalizando a leitura. Já foram alcançados resultados expressivos: participantes de oficinas já tiveram obras não apenas publicadas, porém premiadas e reconhecidas pela crítica.

2         Conteúdo

  • O valor: o que permite que um texto literário seja considerado “bom”?
  • A imagem poética;
  • Poesia e prosa; a poesia na prosa;
  • Modalidades de criação; “inspiração” versus “trabalho”;
  • Criação e leitura: a relação da criação original com a leitura de outras obras;
  • A poesia e o poético; literatura e vida; poesia, linguagem e realidade.
  1. Procedimento: Oficinas literárias são um trabalho coletivo. Seu coordenador não é neutro: avalia, sugere, recomenda leituras. Contudo, não deve impor seus valores e referencial poético. Parte da oficina será mais expositiva; em outra, textos dos participantes serão examinados, em um trabalho coletivo. Poderão ser propostos outros temas e exercícios. Serão recomendadas leituras. Entre outras, O Arco e a Lira, de Octavio Paz, obra básica para tratar de valores poéticos e da criação poética.

ONDE, COMO E QUANDO:

– 8 sessões com 2 horas de duração cada (16 horas/aula ao todo)
– De 20/08/2020 até 15/10/2020 (às quintas-feiras)
– Sempre das 20 às 22 horas
– Ao vivo, no Google Meets (os links serão enviados aos participantes um dia antes de cada aula, por e-mail)

– Investimento: R$ 550,00 (Quinhentos e Cinquenta Reais) à vista ou em até 12X no cartão de crédito.

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COMO SE INSCREVER:

            Faça o pagamento pelo PagSeguro https://pag.ae/7WfXxmLKp e nos envie o comprovante + seus dados (nome completo, RG, e-mail e telefone) por e-mail: willer.cursos@gmail.com  

Você receberá a confirmação da inscrição por e-mail em até 1 dia útil. Nosso meio de comunicação será sempre por aqui! Quem vai te responder é o Ikaro Max.

IMPORTANTE: Só receberemos inscrições até 17/08/2020!

OBSERVAÇÕES:

*As oficinas serão ministradas ao vivo e não ficarão gravadas!
** Por conta da dinâmica do curso, não poderemos repor faltas.
*** Você pode desistir do curso até a terceira aula. Neste caso, estornaremos 40% do valor investido (via PagSeguro). Desistências a partir da quarta aula não serão reembolsadas.
**** Para melhor aproveitamento, o grupo deverá ter, no máximo, 20 pessoas. Se o interesse por inscrições exceder esse número, iniciaremos uma lista de espera para formação de uma nova turma, sempre por ordem de chegada. Avisaremos por e-mail!

SOBRE:  Claudio Willer é poeta, ensaísta e tradutor, ligado à criação literária mais rebelde, ao surrealismo e geração beat. Livros recentes: Escritos de Antonin Artaud – nova edição, revista; organizador e tradutor (L&PM, 2019); Dias ácidos, noites lisérgicas – relatos (Córrego, 2019); Extrañas experiencias – poesia 1964-2004 (tradução de Thiago Pimentel, Nulú Bonsai, Buenos Aires, 2018); A verdadeira história do século 20, poesia (Córrego, São Paulo, 2016; Apenas Livros, Lisboa, 2015); Os rebeldes: Geração Beat e anarquismo místico, ensaio (L&PM, 2014); Manifestos, 1964-2010, (Azougue, 2013), Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia moderna (Civilização Brasileira, 2010); Geração Beat (L&PM Pocket, 2009); Poemas para leer en voz alta (tradução de Eva Schnell, Andrómeda, San José, Costa Rica, 2007); Estranhas Experiências, poesia (Lamparina, 2004). Traduziu Lautréamont, Allen Ginsberg, Jack Kerouac, Antonin Artaud, Bukowsky, Aimé Césaire, entre outros. Publicado em  antologias e periódicos no Brasil e em outros países. Presidiu a UBE, União Brasileira de Escritores, em vários mandatos. Doutor em Letras pela USP, onde completou pós-doutorado. Deu cursos, palestras, coordenou oficinas literárias e outras atividades em uma diversidade de instituições culturais.

ALGUNS DEPOIMENTOS DE QUEM JÁ PARTICIPOU DE OFICINAS:

            “Fiz a primeira oficina literária com Claudio Willer em 2011. Seguiram-se a essa tantas outras. Seu modo de ler e pensar poesia teve a potência de um reator atômico em minha cabeça, dada sua particularidade e riqueza. Não tenho dúvidas de que esse encontro com Willer mudou completamente meu modo de pensar e criar poesia. Sempre que posso, o ouço – um parque de diversões na mente!” – Diogo Cardoso

            “Uma experiência pra sair do lugar. Deixar de apenas colher a poesia do mundo para injetá-la onde você quiser!” – Jeanine Will/ Caminhão de Mudanças

            “Academia e magia das palavras. Palestra de pontas de garfo.” – Benedito Bérgamo

            “Willer, suas oficinas fazem renascer a criação poética. Incentivam leituras. Despertam ideias para novos livros. Trazem as palavras certas para os poemas. Seu método de trabalho é muito importante para os novos escritores. Prossiga, sempre com nosso apoio.” – José Antonio Gonçalves

            “Uma oficina literária é sempre uma aposta: o participante se coloca corajosamente na posição de quem escreve. Uma oficina conduzida por Claudio Willer está à altura das grandes apostas: Willer fala de literatura como poeta que é, não se detém em amenidades e opera com as forças da melhor e menos óbvia poesia. Ao fazer uma oficina com Claudio Willer, tenha uma certeza: coisas acontecerão.”  – Wilson Alves-Bezerra

             “Participar das oficinas de criação literária ministradas por Claudio Willer, me abriu horizontes e uma enorme gama de autores brasileiros e da literatura mundial para reforçar minhas leituras, e visão crítica da escrita. Pensar novos diálogos e me descobrir capaz de alcançar novos voos. Sou grato por revelar caminhos, e de apoiar cada participante a buscar o melhor de si e de seu processo criativo.” José Geraldo Neres

            “Na tarde de 16 de junho de 1997, escrevi os 22 poemas de ‘Lilases’, durante três horas e meia, tomando os primeiros versos de cada poema de ‘A Terra Devastada’, de T.S. Eliot, como resultado de um exercício, depois do término da oficina poética realizada por Claudio Willer, em São Paulo, entre março e junho de 1997. O poema, em uma tradução portuguesa, fora lido na festa de encerramento, na véspera, pelos alunos, a quem também dediquei o livro. A minha participação, a convite de Willer, foi para ‘aumentar o coeficiente de poetas’, uma vez que os demais participantes eram contistas, mas queriam fazer uma oficina de poesia. Eu estava passando por um período de retorno à escrita, e a oficina poética foi fundamental para tomar esse novo impulso. Voltei a escrever e não parei mais, depois de um lapso de 13 anos sem publicar, entre 1982 e 1995. Lanço agora a minha ‘Poesia Reunida’, com a produção dos últimos 40 anos (1980-2020), e uma das pedras fundamentais foi o incentivo que recebi de Willer, que prefaciou meu primeiro livro individual, em 1982, ‘Joio & trigo’. Sem ele, nada disso teria sido possível. Nem a primeira, nem a segunda fase da minha escrita poética, que se estende até hoje, com 20 livros publicados.”  – Thereza Christina Rocque da Motta

Conheci Claudio Willer antes de me dar conta de que se tratava de Claudio Willer. Na biblioteca da escola, quando estava no primeiro ou segundo colegial, deparei-me com um livro de capa roxa, bastante singular, chamado “Cantos de Maldoror” e “Poesias”. Li aquilo e foi um choque. Anos depois, na faculdade, deparei-me novamente com o livro numa barraca de usados. Comprei. Conheci logo depois outro grande amigo e poeta, Paulo Ortiz, que então avisou: Willer vai dar uma palestra sobre Herberto Helder na USP! Fomos – levei o Maldoror e Willer, ao tomar em mãos para autografar, exclamou seu característico “UM LEITOR!”. Desde esse dia, foram palestras e oficinas – “A criação poética”, “A natureza e algusn poetas”, “Poetas da natureza e o Sagrado”, “Magia e Criação Poética”, “Os Rebeldes – Geração Beat e Anarquismo Místico”, “Barroco e Surrealismo”… oficinas e palestras que aconteciam e faziam coisas estranhas acontecerem, que traziam consigo novos amigos, livros, experiências singulares e por vezes sobrenaturais. Tudo isso para dizer que Willer fez parte de uma formação paralela à que eu tinha na academia – um conhecimento mais profundo e mágico, que só os grandes poetas são capazes de ministrar e partilhar. Ouvir de sua voz cavernosa o seu outro característico bordão: “PUBLIQUE!” é uma das grandes honras que pude receber ao longo desse período de formação – que continua até hoje. – Elvio Gonçalves Fernandes Junior

 

 

2 responses to this post.

  1. Posted by Beth Brait Alvim on 04/08/2020 at 19:04

    Recomendo. Uma oficina literária com Willer é travessia de portal.

    Responder

  2. Posted by Benedito Bergamo on 04/08/2020 at 22:59

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