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Mais um retorno do Conde de Lautréamont

É a adaptação de Os cantos de Maldoror pela Cia. Corpos Nômades de João Andreazzi, comemorando o décimo aniversário do Espaço Cênico O Lugar. O espetáculo esteve em cartaz ao longo de 2009 e 2010, e retornou este ano. A seguir, informações e ficha técnica. Exemplares remanescentes da minha tradução de Lautréamont completo, Os cantos de Maldoror – Poesias – Cartas pela ed. Iluminuras (é a quinta edição) estarão á venda na bilheteria do teatro, a R$ 50,00 cada.

Inspiradoem livro que instigou os surrealistas, o espetáculoHotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio, da Cia. Corpos Nômades, inicia temporada no Espaço Cênico O Lugar

Serviço

Hotel Lautreamónt – Os Bruscos Buracos do Silêncio

Temporada: De 30 de setembro a 12 de novembro. Sábados, às 21h e domingos, às 20h30

Local: Espaço Cênico O Lugar (Rua Augusta, 325 – Consolação. São Paulo – SP)

Recomendação Etária: 14 anos

Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia). São aceitos cartões de débito e crédito.

Capacidade: 64 lugares

Telefone do local: 3237-3224

Site: www.ciacorposnomades.art.br

A temporada, quechega com reformulação do espetáculo, também comemora os 10 anos do Espaço Cênico O Lugar, sede da Cia. Corpos Nômades

Ficha Técnica

Concepção Geral, Direção e coreodramaturgrafia: João Andreazzi.Elenco: Gervásio Braz, João Andreazzi, Cristiano Bacelar, RossanaBoccia e Vagner Cruz.Textos: Conde de Lautréamont.Assessoria dramatúrgica e tradução da obra do Conde de Lautréamont: Claudio Willer.Adaptações e novos textos: Claudio Willer e Cia. Corpos Nômades.Montagem da Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini.Pianista ao vivo: Diogenes Junior.Iluminação: Décio Filho.Figurino: David Schumaker.Produção: Cia. Corpos Nômades.Fotos: Cris Lyra e Lenise Pinheiro.Recomendação etária: 14 anos. Agradecimentos: Bernhard Gal e Arco Duo (trechos da trilha sonora).

Fundada há 22 anos pelo coreógrafo, bailarino e professor João Andreazzi, um dos pilares da Cia. Corpos Nômades é a construção de performances de dança que dialoguem com outras linguagens criativas, como o teatro, as artes visuais e a literatura – sendo a última eleita para inspirar a criação de Hotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio. O espetáculo inicia temporada com reformulações desde a primeira versão, de 2009, a partir do dia 30 de setembro, sábado, 21h, com ingressos a R$20. O projeto foi contemplado pelo 20º Programa Municipal de Fomento à Dança da cidade de São Paulo e, para comemoração dos 10 anos de existência do Espaço Cênico O Lugar, a Cia. Corpos Nômades conta com o apoio do O Boticário na Dança através do PROAC-ICMS/Governo do Estado de SP.

Baseado na obra Os Cantos de Maldoror,escrita pelo Conde de Lautréamont – codinome de IsidoreDucasse (1846 – 1870)–, o espetáculo da Cia. Corpos Nômades resgata figuras do livro considerado precursor do movimento surrealista na literaturae as recria a partir dos corpos dos bailarinos. João ressalta trechos em que animais mutantes são expressos no livro, como polvos, tubarões e águias que se formaram a partir de um mesmo corpo. “Há uma forte conexão com o zoomorfismo que faz parte da obra, mas não estamos diretamente ligados na parte descritiva e sim nas sensações que essas imagens causam”, diz João Andreazzi.

Um dos parceiros que colaborou diretamente com o coreógrafo na criação de Hotel Lautréamonté o escritor, poeta e tradutor Claudio Willer, responsável por uma das traduções da obra francesa para o português. “Ele assistiu um trabalho anterior nosso e identificou essas proximidades da dança a um corpo muito presente nas obras surrealistas”, dizo diretor. Entre diversas referências estéticas que fizeram parte do processo de criação da obra, Andreazzise diz especialmente contagiado pelo cinema produzido a partirdo movimento surrealista e da obra do artista plástico Max Ernst. Para Andreazzi, a proposta aberta do espetáculo tem o potencial de alcançar o público familiarizado à obra de Ducasse ou aosurrealismo, de forma geral, mas também de dialogar e causar reflexões em quem desconhece a temática.

Sobre Os Cantos de Maldoror

Livro poético escrito entre 1868 e 1869 por IsidoreDucasse sob o pseudônimo Conde de Lautréamont. Poeta francês de origem uruguaia, Ducasse serve de referência para a construção e a elaboração dos momentos cênicos coreografados. De Marcel Duchamp a Samuel Beckett e de Manoel de Barros a Shakespeare, Andreazzi releu os autores a partir do tratamento específico dado ao corpo por Deleuze e Guattari, propondo encenações múltiplas, plurais. Ao mesmo tempo dança, teatro e música, as elaborações visuais criadas por Andreazzi e apresentadas pela Cia. Corpos Nômades são únicas; criando símbolos em cena, em vez de simbolizar. O próprio ser mutante protagonista do Conto, Maldoror, dá ignição à criação coreográfica: trata-sede um homem que se recorda de haver vivido durante meio século sob a forma de tubarão, nas correntes submarinas que margeiam as costas da África. Ora jovem, ora de cabelos brancos; aqui moribundo, ali capaz de façanhas atléticas; transformado em águia para combater a esperança, polvo para melhor lutar com Deus, porco em seus sonhos, coisa informe, misturada à natureza, objeto de identidade indefinida.

Trecho do poema: “É um homem ou uma pedra ou uma árvore quem vai começar o quarto canto. Disfarça-se no combate ao bem: Tinha uma faculdade especial para tomar formas irreconhecíveis aos olhos mais treinados”.

Meus livros na “Homenagem a Claudio Willer”

Lembrando: nesta generosa homenagem que Rubens Jardim preparou na livraria e bar Patuá com a participação ativa de leitores meus – nesta terça feira, dia 25, à Rua Luis Murat, 40- V.Madalena, a partir das 19h30 – estarão á disposição exemplares de A verdadeira história do século 20 (Córrego, 2016) e Estranhas experiências (Lamparina, 2004) em oferta promocional a R$ 25,00 o exemplar. E, ainda, os últimos exemplares disponíveis de Lautréamont: Os cantos de Maldoror, Poesias, Cartas (Iluminuras, nova edição de 2015) na venda também promocional a R$ 50,00 cada.

Motivo adicional para prestigiarem, acredito.

LIVROS MEUS À VENDA, EM OFERTA

Exemplares da mais recente reedição do Lautréamont completo traduzido e organizado por mim, publicada pela Iluminuras – Os cantos de Maldoror , Poesias, Cartas, além de prefácio e outras informações – com uma redução significativa do preço: a R$ 50,00 o exemplar. ONDE: Na bilheteria do Espaço Cênico O Lugar,por ocasião das apresentações de Hotel Lautréamont – Os bruscos buracos do silêncio pela Cia. Corpos Nômades de João Andreazzi, todas as sextas feiras e sábados às 21h, domingos às 20h30,   à Rua Augusta 325,tel. 011-32373224. Sobre a encenação, mais em http://www.ciacorposnomades.art.br/wordpress/?p=3388

 

Estranhas experiências, o livro de poesia lançado em 2004. Com 142 páginas, inclui poemas dos livros anteriores. Pode ser adquirido a R$ 15,00, frete incluído, em Loplop Livros de Alex Januário, diretamente em seu blog. O acesso à Loplop livros: http://loploplivros.blogspot.com.br/ Para quem mora na Zona Oeste de São Paulo, entrega a domicílio. Informações adicionais: Loplop livros edições loploplivros@gmail.com , Avenida Professor Alfonso Bovero 1119, sobreloja, Sumaré / Pompéia, São Paulo, CEP 05019-01, tel. (11) 3862-7268; ou Estante Virtual: https://www.estantevirtual.com.br/loploplivros/Claudio-Willer-Estranhas-Experiencias-363678877

 

A verdadeira história do século 20 é meu mais recente livro de poemas, lançado em 2016 pela Córrego: capa de Maninha Cavalcante, posfácio de Wilson Alves-Bezerra. Vendido a R$ 20,00 (também em promoção!), na página da editora Córrego de Gabriel Kolyniak, em http://www.editoracorrego.com.br/produto/180607/a-verdadeira-historia-do-seculo-20-de-claudio-willer    

Evidentemente, interessam-me leitores, em primeiro lugar. Por isso, recomendo igualmente meus outros livros disponíveis na praça, neste momento. São os ensaios Geração Beat e Os rebeldes: Geração Beat e anarquismo místico, pela L&PM, o ensaio Um obscuro encanto: gnose, gnosticismo e a poesia, pela Civilização Brasileira, e a narrativa em prosa Volta, pela Iluminuras. Essas editoras, mesmo sujeitas aos percalços do que eufemisticamente se poderia chamar, neste momento, de “mercado editorial”, prestam-me contas corretamente.

Mas as vendas dos livros expostos aqui me beneficiam diretamente. A propósito, postei algo no Facebook sobre procurar onde morar.

 

 

 

 

Palestra: “Os Cantos de Maldoror e a poesia selvagem de Lautréamont”

(Quando divulgada por Jean-Jacques Lefrère em 1977, esta foto de Lautréamont / Isidore Ducasse suscitou dúvidas; contudo, outra, em companhia de colegas identificáveis do Liceu de Tarbes, confirmou ser mesmo ele)

Quando: dia 20 de maio, sábado, das 18 h. até aproximadamente as 19h45, incluindo conversar com o público.

Onde: Espaço Cênico O Lugar da Cia. Corpos Nômades de João Andreazzi, à Rua Augusta 325, fone 011-32373224

EVENTO GRATUITO. Contudo, por motivos óbvios, convém inscrever-se no Espaço Cênico O LUGAR – Cia. Corpos Nômades.

Além de traduzir e prefaciar a obra de Lautréamont, e de publicar artigos, dei inúmeras palestras sobre ele. Não obstante, conseguirei preencher um tríplice propósito, sem repetir-me:

  1. Oferecer uma introdução geral a Lautréamont, com algumas chaves importantes para sua leitura;
  2. Mostrar conexões com a encenação de “Hotel Lautréamont: os bruscos buracos do silêncio” de João Andreazzi, em cartaz neste Espaço Cênico O Lugar;
  3. Apresentar alguma interpretação adicional com relação ao que já publiquei. Por exemplo, argumentar que o título do capítulo “Lautréamont: elucubrações de um serial killer” em A literatura e os deuses de Roberto Calasso pode ser tomado no sentido literal. E falar mais sobre Poesias, e não apenas Os cantos de Maldoror.

Lembrando que exemplares da mais recente reedição de Lautréamont completo publicada pela Iluminuras – Os cantos de Maldoror , Poesias, Cartas, além de prefácio e outras informações – estão à venda no teatro, com uma redução significativa do preço: a R$ 50,00 o exemplar. Já autografei alguns na estréia.

A palestra possibilitará que leitores absorvam os perfumes e as emanações sulfúreas do delicado escrínio (estou novamente imitando o estilo dele).

Um artigo meu disponível no meio digital: Lautréamont, leitor de Baudelaire, em https://www.academia.edu/16274999/LAUTR%C3%89AMONT_LEITOR_DE_BAUDELAIRE

Com a peça em cartaz e a palestra, que tal transformarmos maio de 2017 em mês Lautréamont?

Lautréamont completo à venda, e com desconto, nesta nova encenação de “Hotel Lautréamont: Os Bruscos buracos do silêncio”

A edição que preparei para a Iluminuras, o Lautréamont completo reeditada várias vezes desde 1997, com Os cantos de Maldoror, Poesias, Cartas, notas, ensaio, informações adicionais. Aqui, a capa da nova edição, publicada em 2015, com os abutres – ou alguma outra ave falconiforme? – tão bem adicionados pelo artista plástico Nuno Ramos.

O livro escrito pelo homem de lábios de bronze (como podem ver, estou imitando seu estilo propositadamente rebuscado) estará à venda e poderá ser adquirido e levado para casa (ou qualquer outro lugar) para ser lido por novos (e antigos) leitores a R$ 50,00 o exemplar – livrarias oferecem a mesma edição dos escritos do homem dos lábios de enxofre, tão empenhado em seu combate com Deus e o Homem, e principalmente na destruição da relação de significação, a R$ 66,00 (minha credibilidade não será abalada pela consulta ao Google e a páginas de internet).

Já havia anunciado que o reencontro será nesta encenação de “Hotel Lautréamont: Os Bruscos buracos do silêncio” pela Cia. Corpos Nômades de João Andreazzi no Teatro O Lugar, á Rua Augusta 325, às sextas, sábados e domingos, com estréia nesta sexta feira, dia 12 de maio. A mesma encenação, ou uma atualização da mesma encenação que ficou mais de um ano em cartaz entre 2010 e 2011, colhendo elogios da crítica e sonoros aplausos de espectadores. Demais informações relevantes – ou acessórias, conforme o julgamento de cada um – estão aqui: https://claudiowiller.wordpress.com/2017/05/01/a-volta-do-conde-de-lautreamont/

Minha espectral figura estará presente na estréia, inclusive para autografar exemplares, assim como em outras ocasiões, previsíveis ou imprevisíveis.

Em breve, anunciarei palestra, em um futuro próximo, ou não tão distante, no mesmo local. Esclarecerei o sentido da imagem do pato com lábios de vermute, entre outras informações – algumas talvez familiares para quem já assistiu palestras ou esteve em minhas oficinas; outras que poderão surpreender, pois sempre procuro renovar-me. É claro que curtiremos as redundâncias propositais, anacronismos, perífrases e demais artifícios da sedução do criador de Maldoror.

Adiciono ainda o mais recente dos artigos elogiosos (mas todos foram elogiosos) tratando da minha tradução da obra do homem dos lábios de safira: https://claudiowiller.wordpress.com/2014/06/02/a-boa-resenha-da-nova-edicao-de-os-cantos-de-maldoror-poesias-cartas-de-lautreamont/

Maldoror, Lautréamont, Isidore Ducasse, este seu tradutor e comentarista, João Andreazzi e os Corpos Nômades agradecem à editora Iluminuras de Samuel León pela  oportuna promoção.

A VOLTA DO CONDE DE LAUTRÉAMONT

Retorna pela Cia. Corpos Nômades de João Andreazzi a encenação / adaptação de Os Cantos de Maldoror de Lautréamont, com tradução – publicada pela Iluminuras – e assessoria minhas. Estréia será dia 12 de maio, sexta feira. Dia 20, um sábado, darei palestra intitulada “A poesia selvagem de Os Cantos de Maldoror de Lautréamont”.

Lembrando, a versão anterior da mesma encenação ficou mais de um ano em cartaz, entre 2010 e 2011. Além do comparecimento de público, justificando ampliação da temporada, foi calorosamente elogiada pela críticas.

A seguir, ficha técnica e outras informações:

“HOTEL LAUTRÉAMONT – OS BRUSCOS BURACOS DO SILÊNCIO”
Espetáculo da Cia. Corpos Nômades inspirado na obra de Isidore Ducasse, Conde de Lautréamont, considerado o precursor do surrealismo na literatura.

Dia 12 de Maio de 2017 estreia a remontagem do espetáculo ‘Hotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio’ (2009), com coreografia e direção de João Andreazzi. A temporada inicia o projeto que comemora 10 anos de existência da sede da companhia – o Espaço Cênico O Lugar, na Rua Augusta 325. O projeto foi contemplado pelo 20º Programa Municipal de Fomento à Dança da cidade de São Paulo e para comemoração dos 10 anos de existência do Espaço Cênico O LUGAR a Cia. Corpos Nômades e conta com o apoio do O BOTICÁRIO NA DANÇA, através do PROACICMS/ Governo do Estado de SP.

‘Os Cantos de Maldoror’

Livro poético escrito entre 1868 e 1869 por Isidore Ducasse sob o pseudônimo Conde de Lautréamont. Poeta francês de origem uruguaia, Ducasse serve de referência para a construção e a elaboração dos momentos cênicos coreografados.

Como diretor e coreógrafo residente da Cia. Corpos Nômades, Andreazzi gerou um amplo espectro de encenações. De Marcel Duchamp a Samuel Beckett e de Manoel de Barros a Shakespeare, todos relidos a partir do tratamento específico dado ao corpo por Deleuze e Guattari, ele propõe encenações múltiplas, plurais. Ao mesmo tempo dança, teatro e música, as elaborações visuais criadas por Andreazzi e apresentadas pela Cia. Corpos Nômades são únicas; criando símbolos em cena, ao invés de simbolizar.

O próprio ser mutante protagonista do Conto, Maldoror, é um afrodisíaco para a criação coreográfica, um homem que se recorda de haver vivido durante meio século sob a forma de tubarão, nas correntes submarinas que margeiam as costas da África. Ora jovem, ora de cabelos brancos; aqui moribundo, ali capaz de façanhas atléticas; transformado em águia para combater a esperança, polvo para melhor lutar com Deus, porco em seus sonhos, coisa informe, misturada à natureza, objeto de identidade indefinida.

Trechos: “É um homem ou uma pedra ou uma árvore quem vai começar o quarto canto. Disfarça-se no combate ao bem: Tinha uma faculdade especial para tomar

formas irreconhecíveis aos olhos mais treinados”. Esses elementos são extremamente

férteis para a construção cênica coreográfica.

Serviço

“Hotel Lautréamont – Os Bruscos Buracos do Silêncio”

Estreia 12 de Maio de 2017, temporada segue até 09/07/2017.

Sextas e sábados 21h, Domingos 20h30

Recomendação: 14 anos

Lotação: 64 lugares

Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (Meia)

Espaço Cênico O LUGAR – CIA. CORPOS NÔMADES

Rua Augusta, 325

São Paulo – SP

tel. 011-32373224

PALESTRA: “A Poesia Selvagem de os Cantos de Maldoror de Lautréamont”, com Claudio Willer, no dia 20/05/2017 sábado das 18h às 20h. Evento gratuito. No Espaço Cênico O LUGAR – Sala Norte. Inscrições até o dia 19/05, pelo e-mail:ciacorposnomades@gmail.com, encaminhar uma carta de interesse e escrever no assunto (Palestra Lautréamont).

Ficha Técnica

Concepção Geral, Direção e coreodramaturgrafia: João Andreazzi

Elenco: Gervásio Braz, João Andreazzi, Korina Kordova, Rossana Boccia, Vagner

Cruz

Textos: Conde de Lautréamont

Assessoria dramatúrgica e tradução da obra do Conde de Lautréamont: Claudio Willer

Adaptações e novos textos: Claudio Willer e Cia. Corpos Nômades

Montagem Trilha Sonora: Vanderlei Lucentini

Pianista ao vivo: Diogenes Junior

Iluminação: Décio Filho

Figurino: David Schumaker

Produção: Cia. Corpos Nômades

Fotos: Cris Lyra e Lenise Pinheiro

Recomendação etária: 14 anos

Agradecimentos: Bernhard Gal e Arco Duo (trechos da trilha sonora)

Mais sobre tardígrados: em ‘Os cantos de Maldoror’ de Lautréamont

Animal-resistente1

Apreciaram eu trazer o minúsculo e indestrutível bichinho, aplicado a administradores que retardam pagamentos a convidados para eventos culturais e desaparecem, não dão respostas. Isso, a propósito da Feira do Livro organizada pela prefeitura de São Luis do Maranhão em outubro passado, conforme relatado na postagem precedente – comentários à minha postagem no Facebook trouxeram á tona episódios análogos. Então, em vista do interesse suscitado, reproduzo mais uma imagem da criatura. E minha tradução do trecho de Os cantos de Maldoror de Lautréamont onde o descobri. É o final da primeira estrofe do Canto Quinto, tal como publicada na edição do Lautréamont completo pela Iluminuras. Gosto de ler e comentar esta maravilha do humor negro em palestras e cursos, para mostrar o uso abusivo de recursos de estilo e figuras de retórica, hipérboles, paradoxos, enunciados vazios e demais ataques à relação de significação, além do modo como pilhava outras fontes – inclusive publicações científicas. Vem com minhas notas de rodapé – em 1996/97, quando preparei essa edição, deu-me um trabalhão, fui a bibliotecas onde havia o Larousse e outras enciclopédias, hoje acharia tudo no Google. Ao final, link com informação atualizada sobre tardígrados, mostrando que Lautréamont sabia do que tratava:

[…]

Não é verdade, amigo, que, até certo ponto, tua simpatia foi conquistada por meus cantos? Ora, o que te impede de transpor os outros degraus? A fronteira entre teu gosto e o meu é invisível; nunca a poderás enxergar: prova de que essa fronteira não existe. Reflete, pois, que então (eu me limito a esboçar a questão) não seria impossível que houvesses firmado uma aliança com a obstinação, essa agradável filha do asno, fonte tão rica de intolerância. Se não soubesse que tu não és um idiota, não te faria semelhante recriminação. De nada serve que te incrustes na cartilaginosa carapaça de um axioma que acreditas ser inabalável. Há outros axiomas que também são inabaláveis, e que caminham paralelamente ao teu. Se tiveres uma marcada preferência pelos caramelos (admirável farsa da natureza), ninguém considerará isso um crime; mas aqueles cuja inteligência, mais enérgica, e capaz de coisas maiores, prefere a pimenta e o arsênico, têm bons motivos para agir dessa forma, sem a intenção de impor sua pacífica dominação aos que tremem diante de um ratão silvestre[1] ou da expressão falante das superfícies de um cubo.[2] Digo-o por experiência própria, sem querer fazer aqui o papel de provocador. E, assim como os rotíferos e os tardígrados[3] podem ser aquecidos até uma temperatura próxima à ebulição, sem perderem necessariamente sua vitalidade, o mesmo acontecerá contigo, desde que saibas assimilar, com precaução, a amarga serosidade supurativa que se desprende vagarosamente da irritação causada por minhas interessantes elucubrações. Ora essa, já não chegaram a enxertar nas costas de um rato vivo a cauda arrancada ao corpo de outro rato? Tenta pois, do mesmo modo, transpor para tua imaginação as diversas modificações da minha razão cadavérica. Mas sê prudente. Na hora em que escrevo, novos frêmitos percorrem a atmosfera intelectual: trata-se apenas de ter a coragem de encará-los de frente. Por que fazes essa careta? E tu a acompanhas, até mesmo, com um gesto que só poderia ser imitado depois de uma longa aprendizagem. Podes estar certo de que o hábito é necessário em tudo; e, visto que a repulsa instintiva, que se havia declarado desde as primeiras páginas, diminuiu notavelmente de profundidade, na razão inversa da dedicação à leitura, como um furúnculo que está sendo lancetado, deve-se esperar, embora tua cabeça ainda esteja doente, que tua cura certamente não tardará, certamente, a entrar em sua etapa final. Para mim, é indubitável que já vogas em plena convalescença; contudo, teu rosto ficou bem abatido, ai de ti! Mas… coragem! há em ti um espírito pouco comum, eu te amo, e não desespero da tua cura completa, desde que absorvas algumas substâncias medicinais, que só farão apressar-se o desaparecimento dos últimos sintomas da doença. Como alimentação adstringente e tônica, arrancarás primeiro os braços da tua mãe (se é que ela ainda existe), tu os picarás em pedacinhos, e os comerás logo em seguida, em um só dia, sem que qualquer traço do teu rosto traia tua emoção. Se tua mãe for demasiado velha, escolhe outro paciente, mais jovem e mais fresco, sobre o qual a raspadeira cirúrgica tenha domínio, e cujos ossos tarsos, quando caminha, encontrem facilmente um ponto de apoio para fazer o movimento do balanço: tua irmã, por exemplo. Não posso deixar de lamentar seu destino e não sou daqueles em quem um entusiasmo muito frio só simula a bondade. Tu e eu derramaremos por ela, por essa virgem amada (mas não tenho provas para afirmar que ela seja virgem), duas lágrimas incoercíveis, duas lágrimas de chumbo. E será tudo. A poção mais lenitiva que te aconselho é uma bacia, cheia de pus blenorrágico com nódulos, na qual previamente terás dissolvido um quisto piloso do ovário, um cancro folicular, um prepúcio inflamado, virado para trás da glande por uma parafimose, e três lesmas vermelhas. Caso sigas minha receita, minha poesia te receberá de braços abertos, como quando um piolho seciona, com seus beijos, a raiz de um cabelo.

[1] Musaraigne, no original: musaranho, ratão silvestre.

[2] Na edição Flammarion da obra completa de Lautréamont, seu organizador, Jean-Luc Steinmetz, interpreta essa imagem sobremodo enigmática como referência ao jogo de dados (o cubo), símbolo por excelência do acaso, do aleatório.

[3] Rotíferos e tardígrados são animalúculos, microorganismos, que se viram envolvidos nas polêmicas da segunda metade do século XIX entre Pasteur e outros cientistas, por sua capacidade de resistir a temperaturas elevadas. Comentaristas observam como isso mostra até que ponto Lautréamont recorria a publicações científicas.

MAIS EM: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tardigrada

O Conde de Lautréamont está vivo

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Maldoror, o “corsário dos lábios de bronze”, o “renegado do rosto de jaspe” reaparece em livrarias e matérias jornalísticas.
Em um excelente artigo de Leonardo Fróes que saiu em O Globo de hoje, dia 06/09, intitulado “Lautréamont, a sombra de um maldito”: http://oglobo.globo.com/cultura/livros/lautreamont-sombra-de-um-maldito-13845083#ixzz3CXbyHOeB
Na fotografia que me foi enviada por Wilson Alves-Bezerra e que já circulou bem no Facebook e que reproduzo aqui, com Lautréamont ao lado de T. S. Eliot na Livraria Travessa do Botafogo, Rio de Janeiro.
Essa nova edição do Lautréamont completo já havia ganho uma resenha elogiosa de Heitor Ferraz de Mello em um dos cadernos do jornal Folha de São Paulo, aqui registrada: https://claudiowiller.wordpress.com/2014/06/02/a-boa-resenha-da-nova-edicao-de-os-cantos-de-maldoror-poesias-cartas-de-lautreamont/
Traduzi Os cantos de Maldoror em 1970 (Vertente). Refiz em 1986 (Max Limonad). Por sugestão de Samuel León, preparei um Lautréamont completo para a Iluminuras, que saiu em 1997, com reedições / reimpressões em 2005, 2008 e agora. Recebeu elogios, de tradutores sérios, que não brincam em serviço, como Nelson Ascher (na Folha em 1997) e Ivo Barroso (no Estadão em 2005). Dos ensaios que publiquei, um está na coletânea Tempo de Lautréamont, da editora Ricochete; é Lautréamont ‘advanced’. E haverá mais, tenho certeza. O misterioso Conde ainda assombrará livrarias e impressionará novos leitores.

A boa resenha da nova edição de ‘Os cantos de Maldoror, poesias, cartas’ de Lautréamont

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Por Heitor Ferraz Mello. Saiu no Guia da Folha deste sábado, dia 31 de maio. Copio aqui o arquivo em pdf (cliquem onde está escrito ‘Willer’).
Uma seqüência de boas críticas dessa edição da obra completa de Lautréamont – Isidore Ducasse pela Iluminuras, desde seu lançamento em 1997. Inclusive por tradutores sérios. Nelson Ascher, na Folha Ilustrada, havia destacado minha leitura surrealista. Ivo Barroso, no Caderno 2 do Estadão, a chamou de “clássica”. Heitor Ferraz Mello, desta vez, comentou, acertadamente, a sonoridade – algo certamente observado por aqueles que me ouviram declamar trechos em palestras.
Adicionei também a nova capa que está sendo usada pelo Conde, feita pelo artista Nuno Ramos.

Maldoror e o Conde de Lautréamont, de volta

EM TEMPO: saiu uma bela resenha, de Heitor Ferraz Mello, intitulada “Ícone da Blasfêmia”, no ‘Guia da Folha de hoje, 31/05. Quem me enviar scan, agradeço, quero reproduzir aqui.
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Enquanto preparo a divulgação do meu próximo lançamento, Os rebeldes: Geração Beat e anarquismo místico (L&PM), aproveito para lembrar que Maldoror e seu autor, o Conde de Lautreámont voltaram a perambular pelas livrarias. Usam, agora, uma nova capa, para a edição completa – Os Cantos de Maldoror, poesias e cartas – que preparei para a Iluminuras. É a quarta edição ou reimpressão por essa editora, desde 1997; a sexta, desde a primeira vez em que o traduzi, em 1970. Vejam, aqui, link com a nova capa, outro link, de uma das livrarias, e alguns comentários e um release que dão os motivos dessa vida longa, editorialmente falando, do pseudônimo e do personagem criados por Isidore Ducasse.

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=1039166
A história da poesia moderna é a de um descomedimento. (…) O astro negro de Lautréamont preside o destino de nossos maiores poetas.
Octavio Paz
Os Cantos de Maldoror e Poesias brilham com um fulgor incomparável: são a expressão de uma revelação total, que parece exceder as possibilidades humanas. Com ele o famoso “tudo é permitido” de Nietzsche não permaneceu platônico, pretendendo significar que a melhor regra aplicável ao espírito ainda é a orgia.
André Breton
Ele era, sem dúvida, um gênio irredutível para o mundo, e não mais desejável para o mundo do que Edgar Poe, Baudelaire, Gérard de Nerval ou Arthur Rimbaud.
Antonin Artaud
Abram Lautréamont! E aí está toda a literatura virada pelo avesso como um guarda-chuva! Fechem Lautréamont! E tudo, imediatamente, volta ao lugar…
Francis Ponge

Lautréamont, depois de morrer desconhecido aos 24 anos, em 1870, e de sua obra esperar dezessete anos para ter os primeiros leitores, tornou-se um mito, pela extraordinária ousadia e criatividade de seu texto, um exercício radical de liberdade de criação. Hoje multiplicam-se as edições de Os Cantos de Maldoror e da obra completa de Isidore Ducasse, celebrizado sob o pseudônimo de Conde de Lautréamont. Sua bibliografia é gigantesca, situando-o entre os escritores mais estudados e discutidos da atualidade.

Ignorou a modernidade e apontou caminhos para o surrealismo e as vanguardas do século XX. Provocou fascinação e espanto em autores tão diversos como Breton, Malraux, Gide, Neruda e Ungaretti. É reconhecido como poderoso inventor, expoente dos inovadores, transgressores e poetas malditos, assim como o foram William Blake, Baudelaire, Rimbaud e Jarry.
O poeta Claudio Willer, que já havia publicado sua tradução de Os Cantos de Maldoror, preparou esta edição completa de Lautréamont.
Incluiu comentários, notas e um substancioso prefácio, onde enfrenta obscuridades, vencendo o desafio da interpretação do texto e os mistérios decorrentes da ausência de biografia. Mostra como os Cantos e Poesias são uma escrita do avesso, abissal e perversa, regida pela lógica da metamorfose, pois nela cada termo contém seu oposto e cada coisa implica seu contrário, aquilo que não é. Repleta de paradoxos, representa a consagração do pensamento analógico, oposto à razão dualista. Satírica e paródica, pelo modo como se apropria de outros autores, adulterando-os e invertendo-lhes o sentido, seu caráter monumental deve-se à coerência, aliada à imaginação desenfreada e transbordante. Da concepção geral, passando pelos relatos e reflexões, até o estranho vocabulário e as figuras exageradas de retórica, tudo, em seus detalhes, obedece à lógica do delírio e da negação. Por isso, não é apenas reflexão crítica sobre a literatura, mas rebelião extrema contra a sociedade e o mundo.

Autor: Conde de Lautréamont
Tradução:
Situação:Normal
ISBN:85-7321-231-4
No de Paginas:384
Preço:
R$56,00