A seguir, todas as informações sobre este curso.
Para completar ou suplementar a arte preparada por meus colaboradores em Cursos Willer, um texto detalhanado minhas intenções: Lembrando o link para inscrições e outras informações:
https://willercursos.wixsite.com/willer/cursos
Há exato um ano, dei um curso sobre Rimbaud pelo modo remoto, on line. Teve uma excelente aceitação. A ementa ou sinopse para divulgação do curso foi esta:
Terá sido Arthur Rimbaud o poeta do final do século 19 que exerceu maior influência na contemporaneidade? Por que? Sem deixar de lado sua biografia e sua lenda, o curso abordará a revolucionária poesia em prosa de “Uma Temporada no Inferno” e “Iluminações”, além de toda a sua obra em versos.
Os motivos para retomar o exame do poeta-adolescente, ícone da rebelião, são os seguintes:
- Sempre há mais para ser dito, para ser acrescentado ao exame de um poeta com a riqueza e complexidade de Rimbaud;
- Aprende-se dando cursos; sempre é possível melhorar o que já foi apresentado (naquele curso, em palestras anteriores, em artigos);
- Acho que fiquei devendo e conseguirei mostrar mais: não só no exame da poesia, especialmente das Iluminações, mas no tópico da relação entre poesia e biografia, para entender como foi possível, como é que pôde o autor de uma contribuição literária decisiva largar tudo daquele modo e ter um fim de vida tão deplorável.
- Um texto da magnitude de Flagrant délit de Breton – entre outros – merecia mais comentários, um exame mais detalhado. Caberia uma caraterização melhor da sua influência.
- Algumas questões, acho, ficaram no ar. Por exemplo: por que ele largou tudo e migrou para a África? Afinal, ele estudou alquimia? Qual o alcance e a limitação das decifrações herméticas ou alquímicas ou gnósticas?
Enfim, não faltará assunto. Será examinada a produção poética em versos, a revolucionária poesia em prosa de Uma temporada no inferno e Iluminações, e sua marginalia precursora, como o Álbum Zútico e Os Stupra, publicados apenas em 1942.
Alguns tópicos que pretendo retomar e ampliar, começando pelo comentário do notável prosador francês Julien Gracq:
“Em lugar de ver no sentimento poético o resíduo, em meio a uma sociedade submetida às normas da razão, de uma maneira de viver e de sentir condenada, objeto de discretos suspiros e piedosos lamentos, Rimbaud o invoca ao contrário como um pressentimento, uma solicitação veemente de ser preciso “mudar a vida” para levá-la à altura da lancinante revelação. De lamentação nostálgica e lamento estéril, a poesia para ele e através dele se torna o selo de uma promessa, chamado, grito de convocação, incitação à mobilização dos novos homens que se põem em marcha.”
O autor de Le Rivage des Syrtes ilustra com algumas das frases fulminantes, expressões de um pensamento utópico e visionário, convocações ou anunciações da realização da poesia:
É mais que certo, é oráculo o que digo. … Eis o tempo dos Assassinos ….
Um toque de teu dedo no tambor liberta todos os sons e começa a nova harmonia.
Quando iremos afinal, além das praias e dos montes, saudar o nascimento do trabalho novo, da nova sabedoria, a fuga dos tiranos e demônios, o fim da superstição, para adorar – os primeiros! – o Natal na terra! O canto dos céus, a marcha dos povos!
… e então me será lícito possuir a verdade em uma alma e um corpo.
É a vigília, contudo. Acolhamos todos os influxos de vigor e de autêntica ternura. E à aurora, armados de ardente paciência, entraremos nas cidades esplêndidas.
É preciso ser absolutamente moderno.
Na Grécia, já o disse, versos e liras ritmam a Ação.
E, principalmente:
O EU é um outro.
Eu digo que é preciso ser vidente, se fazer vidente. O poeta se faz vidente por um longo, imenso e pensado desregramento de todos os sentidos.
Poemas serão projetados na tela ao serem comentados. Participantes receberão resumo de cada aula, e poderão encaminhar perguntas e comentários por e-mail.
Em tempo: a fotografia que ainda circula, supostamente de Rimbaud durante a Comuna de Paris, é fake. Foi tirada durante a derrubada do obelisco da Place Vendôme, a 21 de maio de 1871: mesma data da Carta do Vidente, que Rimbaud escreveu em casa. Esteve na Comuna na caserna de Babylone, mas caiu fora em abril daquele ano.