Minha palestra “Roberto Piva, poeta do corpo”

QUANDO: Dia 04 de agosto, às 14 h.

ONDE: Auditório do Centro Cultural do IEL, Unicamp

Venham. Transmitam a interessados.

My beautiful picture

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Abrirá o ciclo “A literatura erótica, da Antiguidade até nossos dias”. Ou seja, o coordenador, Paulo Vasconcellos, preferiu inverter a série cronológica e começar por “nossos dias”. A programação, ampla e instigante, já havia sido divulgada neste blog:

https://claudiowiller.wordpress.com/2015/07/03/ciclo-a-literatura-erotica-da-antiguidade-aos-nossos-dias/

Estou preparando um “paper”, organizando o que há para ser dito sobre literatura erótica a propósito de Piva. inclusive quantas vezes ele declarou que “a poesia é a mais fascinante orgia ao alcance do homem” e “a poesia se faz na cama, como o amor”, citando André Breton, assim como “poesia é subversão do corpo”, citando Octavio Paz. Transcrevo, a seguir, trecho de entrevista de Piva por Fábio Weintraub, publicada na revista Cult em maio de 2000, no qual ele rebate a contraposição entre delirar e escrever bem (aliás, uma falsa antítese que também se encontra no modo como Mário de Andrade lia e avaliava Rimbaud…):

CULT – Você vive afirmando que não acredita em poeta experimental sem vida experimental, que faz os poemas com “o que sobra da orgia” propondo uma identificação entre sujeito poético e sujeito empírico. Não obstante, há vários leitores seus, como o poeta Felipe Fortuna, para quem o bom resultado alcançado por você deve-se menos à radicalidade de experiências tematizadas por você (homoerotismo, drogas etc.) que ao “bom arremate literário” dado àquelas experiências. Como você encara tal tipo de leitura?

Piva – É aquilo que diz o Octavio Paz: “há uma única forma de se ler os jornais e várias formas de se ler um poema”. Cada pessoa enxerga uma coisa diferente na minha poesia, pois, no fundo, ela é muito rica e permite uma enorme variedade de interpretações. A qualidade do arremate literário não exclui a radicalidade das experiências que estão na origem do poema. Mas acho que essa valorização excessiva da fatura pode revelar certo preconceito contra o dionisismo, a idéia de que o dionisismo é algo superficial. Está errado. O dionisismo é uma das religiões mais profundas que já existiram. Basta ver que uma das suas manifestações produziu o teatro. Quer mais do que isso? Dionísio é o deus do teatro. As artes da aparência empalideceram diante de uma arte que  proclamava a sabedoria na sua própria embriaguês. Donde a estética cabaço, atuando nas mais diferentes escolas literárias pelo Brasil afora. Vivemos num país profundamente dionisíaco, onde os intelectuais têm preconceito contra as manifestações espontâneas, criativas. Mesmo o fato de me enquadrarem na poesia marginal, dos anos 70, tem a ver com isso.

Mais em: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/08/entrevista-roberto-piva/

Vejam também: http://www.memorial.org.br/cbeal/arte-em-palavras/roberto-piva/entrevista-com-roberto-piva/

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